Até quando o preconceito vai imperar?


Por Giselle Olmedo

Nos últimos meses temos vivido um período em que manifestações preconceituosas têm feito com que a sociedade reagisse por meio de protestos.Xenofobia, homofobia, incitações à pedofilia, entre outros ataques faz com que repensemos se ainda existe o primordial: o respeito ao ser humano.

Na última quinta-feira, 24, homossexuais e simpatizantes do movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transexuais) realizaram manifesto repudiando a posição da Universidade Presbiteriana Mackenzie em relação à criminalização da homofobia. Augustus Nicodemus Gomes Lopes, chanceler da Igreja Presbiteriana, que administra a universidade, declarou em carta aberta ser contra a aprovação do PL. A passeata começou em frente ao “Mack”, passando pela Rua da Consolação e tomando a Avenida Paulista. Os manifestantes encerraram o evento em frente ao número 777 da via, local onde, recentemente, foi agredido um jovem homossexual por um grupo de garotos.

Antes de mais nada, é bom lembrar que o Mackenzie sempre foi conservador ao extremo. Lá em meados de 1968, período ditatorial no Brasil, existiu um conflito armado entre duas faculdades: Mack e USP. A galera da USP, agitadora desde aquela época, era contra o domínio das forças armadas no governo e lutava pela democracia. Já o pessoal do Mack garantia que o melhor mesmo era continuar com as censuras, com os conflitos, com a repressão e toda a liberdade de expressão em prol do governo. Esta foi a famosa “batalha da Maria Antônia”, no centro de SP, devido às divergências de opinião.

Bem, o posicionamento opressor voltou a tona. Vanessa Rodrigues, 24 anos, auxiliar de escritório, esteve presente na manifestação e é aluna do Mackenzie. A estudante afirma que compareceu para somar àqueles que lutavam pelos mesmos direitos que ela. ”Esta é uma forma de conscientizar as pessoas que não é correto incitar a violência contra nós, como fez o chanceler divulgando esta carta”. A manifestação foi integralmente pacífica, justamente para mostrar à reitoria que é possível respeitar a realidade sexual do indivíduo sem agredir ninguém. Vanessa espera que a passeata surta efeito. “É uma forma de dizer que existimos e queremos lutar por nossos direitos”, afirma.

Moacir Andrade, 35, analista de sistemas, diz que participou do manifesto como forma humanística. O programador diz que não é homossexual, porém possui familiares que sofrem preconceito por terem se assumido. “Os jovens agredidos na Avenida Paulista e no Arpoador (Rio de Janeiro) mostram a sociedade preconceituosa em que vivemos. O dia a dia é cruel. Este protesto mostra que essa gente tem voz, que não admite esse tipo de tratamento e que a igualdade de credo, cor, raça ou orientação tem que valer. Não somos todos iguais perante a lei?”, indaga Moacir, que tem um irmão gay e uma prima lésbica.

Enfim, dar a voz às minorias tem sido importante nos últimos tempos, visto o tamanho preconceito que tem se alastrado. Engraçado como o Brasil, um país multirracial, ainda consegue ter atitudes que enojam àqueles que têm bom senso.

Viva a diversidade!

Imagens: Marina Morena Costa

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