Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher

Por Tamires Santana


No ônibus, a conversa entre duas mulheres dizia que o atendimento do Hospital das Clínicas era demorado, mas o paciente saía de lá com o problema resolvido, ao contrário de grande parte dos hospitais públicos de São Paulo. Uma delas mostra uma pequena cicatriz no pescoço, devido a uma cirurgia. O "danado" do cigarro, afirmou, era o principal motivo pela quase perda das cordas vocais e permanência de graves sequelas.

Devido às constantes tentativas de enforcamentos quando casada, o cigarro contribuiu para o agravamento do seu problema de saúde. O espantoso foi a naturalidade que a mulher discorria sobre a situação. Seria mesmo o cigarro o maior problema nesta breve narrativa?

Casos envolvendo a violência doméstica ainda são um grande problema social e, em sua maioria, não são admitidos pela vítima, dificultando a solução por parte das autoridades. A cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil, segundo dados da Fundação Perseu Abramo.

Em São Paulo, os maiores índices de violência doméstica se concentram em Guaianases, de acordo com um levantamento realizado em 2007 e divulgado pelo site Observatório Cidadão. Extremo leste da cidade, a região já foi apontada como uma das mais carentes do município. De acordo com a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, é preciso conscientizar a sociedade de que a violência contra a mulher não é um problema de mulheres. "Não adianta imaginarmos que vamos enfrentar a violência contra as mulheres sem a colaboração dos homens, sem que eles entendam que isso os prejudica, prejudica suas famílias e os seus filhos. É preciso que eles atuem ativamente", afirma.



Jucinéia Ribeiro dos Santos Mendes, 26 anos, já prestou ajuda a uma amiga que passou por este tipo de situação. "Ela tinha um namorado que a agredia todo fim de semana e por duas vezes chegou a quebrar o nariz dela", relata. Jucinéia orientou a amiga a procurar ajuda das autoridades e a se separar. "Quem bate uma vez, bate sempre. É errado permanecer na relação", diz. Moradora do bairro do Grajaú e mãe de duas filhas, nunca sofreu agressões, mas já foi ameaçada pelo ex-marido por diversas vezes. Acionou o 190, fez uma representação contra o ex e, mesmo ainda o amando, não quis reatar o relacionamento. "Quando se trata de violência, em qualquer situação, é preciso tomar uma atitude para que o problema não se agravar e se transformar em tragédia", defende.

Hoje, 25 de novembro, é comemorado o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher. A data foi definida no I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, em 1981, em Bogotá. A data foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana.

Em São Paulo, existem várias Delegacias da Mulher criadas para denúncias e proteção à vítima. É válido esclarecer que a violência não é apenas física, pode ser sexual, moral e até patrimonial. Pode partir da família, justiça, trabalho, instituições públicas e até mesmo nas solicitações de serviços. A responsabilidade é de todos e não deve ser encarada como algo natural.


Confira os endereços das Delegacias da Mulher no Estado de São Paulo


Casos de violência doméstica em São Paulo






















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