Enquanto a cidade dorme

Por J.Paulo Carvalho

Já passa da meia-noite quando José Carlos Santos, 43, desembarca em Artur Alvim, penúltima estação da linha vermelha do Metrô. "A jornada é bem exaustiva. Saio de casa às 6 da manhã para chegar ao trabalho e, à noite, tenho aulas na faculdade. Meu dia só termina essa hora", afirma o auxiliar administrativo. Enquanto "Zeco" desce as escadas rolantes e o silêncio parece ecoar noite afora, surge um homem de amarelo: "Daqui pra frente, tudo vai ser diferente. Você tem que aprender a ser gente. E o meu orgulho não vale nada, nada. Você não sabe e nunca procurou saber, que quando a gente ama pra valer. O bom é ser feliz e mais nada, nada!" O rapaz, amarelo da cabeça aos pés, com a música de Roberto Carlos na ponta da língua, é Evandro Siqueira, 35. Ele é um dos responsáveis pela manutenção da linha vermelha do Metrô de São Paulo, durante a madrugada. Se para José Carlos o dia exaustivo de trabalho está chegando ao fim, o de Evandro está apenas no início.

Evandro, ou simplesmente Vandinho como é conhecido, trabalha na manutenção do transporte há 5 anos. "Já encontrei de tudo nesses trens, meu filho, de roupa perdida à camisinha usada. Aliás, você é jornalista, né? Isso vai sair no jornal?", indaga. "Não, não, é para a faculdade mesmo, mas a matéria estará num blog. Te passo o endereço depois, se você quiser...", respondo meio sem jeito.

Diariamente, o Metrô de São Paulo transporta cerca de 3,4 milhões de passageiros. Durante a madrugada, 2.300 funcionários espalham-se pelos 69 quilômetros da linha e fazem reparações nos equipamentos de controle nas áreas internas e externas. O cuidado também é dobrado com os ratos, já que eles podem danificar fios e cabos, colocando em risco a segurança dos trens.

Segundo o diretor do Metrô de São Paulo, Conrado Grava de Souza, à 1h a energia da linha é cortada para que os funcionários façam os reparos de rotina. Às 4h, a linha precisa ser liberada para que os trens voltem a circular.

Só este ano foi investido mais de R$ 30 milhões com a manutenção. De acordo com a empresa, essa verba corresponde aos serviços das Linhas 1, 2, 3 e 5. Inclui linhas operacionais, estações, pátios, trens, escadas rolantes, elevadores, mão de obra, materiais e serviços.

Foto: divulgação

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