Yesterday...
Por J.Paulo Carvalho
Quando criança, costumara associar lágrimas à tristeza. Como se chorar fosse algo ruim, pungente. "Se Deus não quisesse que você chorasse, ele não teria te dado lágrimas", disse certa vez o homem da imagem acima.
Naquela noite, enquanto a chuva caia, as lágrimas de muitos ali presentes eram a representação real do sentimento mais verdadeiro.
Meteorologicamente falando, se é que este termo existe, é impossível que todos os efeitos climáticos aconteçam no mesmo lugar, em poucas horas.
De acordo com as leis da física, dois corpos também não conseguem ocupar espaços iguais. Assim como as quatro estações do ano não surgem de uma única vez.
Coisas lógicas, porém, ignoradas quando se está diante de um homem e seu blazer roxo. Ele tem super poderes. Faz a terra toda tremer. Provoca choro.
Um choro alegre, com Ob-La-Di Ob-La-Da ou um choro de revolta, com toda a agressividade de Helter Skelter.
John e George viam tudo ali, bem de pertinho. Dizem os mais devotos que eles subiram ao palco apoteótico do Morumbi e tocaram A Day In The Life e Something.
Mas quem é este homem que provoca tanto alvoroço? Ele não fala nossa língua, brinca com a intensidade da chuva e a mesma, subitamente, atende a seus pedidos e para, sem hesitar.
Com a voz um pouco trêmula, talvez pela idade, comanda um coral de 65 mil pessoas. A multidão repete seus gestos, suas palavras e, muitas vezes, não sabe o real significado.
- Olha, pai, é o Paul McCartney! Grita uma garotinha
Um sonho que eu não gostaria que acabasse.
Antes de acordar, um recado: Paul, obrigado por ter escrito a história da minha vida, mesmo antes de eu nascer.
Foto: Agência Estado/AE
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2 comentários:
John,
Você, maravilhoso como sempre com as palavras.
E eu acabo de perder todas elas.
Beijo!
Apesar de não ser a maior fã de Beatles nem conhecer muito da carreira do Paul, fiquei com muita vontade de ter ido nesse show pra ver tudo o que você viu! Muito bonito seu texto João!
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