Por Felipe Andrade
Os clubes brasileiros têm registrado em seus balanços anuais milhões de reais em dívidas, devido a empréstimos junto às federações, bancos e à CBF. Aliado a isso, os times possuem poucas fontes de renda, fazendo com que fiquem dependentes de cotas de patrocínio, de TV e da transferência de jogadores para o exterior. O patrocinador exerce influência direta na vida de um clube, que necessita do dinheiro vindo das empresas patrocinadoras para montar equipes fortes e uma boa estrutura para disputar um campeonato de ponta em alto nível.
Outro ponto bastante discutido é o fato de a Rede Globo de Televisão ser a única detentora dos direitos de transmissão do futebol brasileiro (repassa o direito para a Rede Bandeirantes). Para ele, quando a Globo paga para transmitir, ela tem direitos. “A Rede Globo paga pela competição, e paga bem. A partir do momento em que os clubes concordam com isso, ela pode influenciar nos dias e horários das partidas. A única coisa errada é ter somente uma emissora que detém os direitos. Deveria ser aberto para que outras também pudessem transmitir.”
A necessidade dos clubes de ter em seu caixa o dinheiro vindo dos patrocinadores se mostra evidente na análise do “Balanço Anual” de cada um dos três times grandes da capital paulista. No ano de 2007, devido à conquista do Brasileirão de 2006 e à participação em torneios internacionais, só o São Paulo ganhou mais do que recebeu. Corinthians e Palmeiras, afetados por más administrações nos anos anteriores, fecharam 2007 no vermelho, gastando mais do que ganhando.
Somente cinco equipes terminaram 2007 no azul: Atlético PR, Santos, Juventude, Barueri e São Paulo, que fechou com lucro de R$ 3.848.000,00. Entre aqueles que ficaram no vermelho, os cariocas predominam. Flamengo, Vasco e Fluminense estão entre os cinco mais devedores do futebol brasileiro. Corinthians, que fechou com dívida de R$ 23.264.000,00 e Palmeiras, com R$ 24.189.000,00, estão em processo de reformulação do modelo de gestão de suas diretorias. Andrés Sanches e Luiz Gonzaga Beluzzo, presidentes de Corinthians e Palmeiras, respectivamente, aparecem como esperanças de um futuro sem dívidas e com dinheiro para investir no futebol.
Para mudar esse panorama, é necessário que os times brasileiros encontrem formas de se tornar mais independentes dos patrocinadores. Um clube brasileiro que está procurando, e exercendo, formas de se desvencilhar da dependência dos patrocinadores, é o Sport Club Internacional, de Porto Alegre. A equipe tem a maior rede de sócio-torcedores do país, e investe pesado para que o membro sinta-se parte do clube, fazendo com que traga rendimento aos cofres da instituição.
Para Paula Rabello, advogada, 23 anos, este é o fator principal para que ela seja sócia do Internacional. “Sou sócia por que ajudo o clube, tenho livre acesso aos jogos e, desta forma, me sinto parte do time”. A torcedora gaúcha, que paga mensalidade de R$ 55,00, destaca as vantagens de ser sócia: “Desconto na aquisição de produtos na loja do clube e em outros estabelecimentos como pizzaria, plano de saúde etc. Livre acesso aos jogos (para os sócios mais antigos) e desconto de 50% na aquisição do ingresso (para os sócios mais novos)”.
0 comentários:
Postar um comentário