Crianças de ruas: existe uma luz no fim do túnel?

Por Tamires Santana

O sinal amarelo se apaga, em seguida ficando vermelho. A criança corre para a frente de um veículo e faz malabarismo. Ao seu lado, um menino começa a limpar a maior quantidade de para-brisas em menor tempo possível, enquanto outros pequenos são vistos vendendo balas e chicletes.

Não é tão difícil encontrar cenas assim. Meninos e meninas nestas condições estão por todo o país, mas São Paulo conta com um aglomerado deles no centro da cidade.

Frente a esta realidade, o prefeito Gilberto Kassab sanciona o projeto de lei número 15.276, publicada no Diário Oficial da cidade em 03 de Setembro deste ano. A lei, já aprovada, estabelece diretrizes para a política de prevenção do trabalho infantil na capital.

Em entrevista ao portal Globo.com, o vereador Floriano Pesaro (PSDB), ex-secretário municipal de Assistência Social, defende que “a lei pode 'salvar' todas as crianças de rua que se encontram em situação de risco e sem nenhuma proteção da sociedade”.

Além disso, a ação esclarece os motivos pelos quais não se deve dar esmolas e comprar produtos de crianças e adolescentes em ruas, bares, restaurantes e semáforos, informando a população sobre os riscos e danos causados pela exploração do trabalho infantil e sua permanência nas ruas.

Para os críticos desta política, como Márcio Pochmann, ex-secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da prefeitura de São Paulo, “o governo tem o costume de promover uma política neoliberal na velha tradição brasileira de esconder os problemas ao invés de resolvê-los. A prefeitura acha que se o cidadão que parasse de dar esmola, o problema nem existiria. Parece que o rabo balança o cachorro!", critica.

Sidney Bettrami, 36, administrador, é contra essas "doações". “Tem muita criança pedindo esmola na rua, mas por trás existe um adulto explorador", diz.

O problema principal dessa situação é o fato de que grande parte das crianças e adolescentes de rua são fugitivos de casa devido a maus tratos. A vida na rua é muito dura e chega o momento em que o jovem quer sair desta situação.

Odemir Martins, 33, atendente, já foi abordado por vários moradores urbanos e preferiu dar outros tipos de ajuda que não fossem dinheiro. “De senhoras idosas a crianças, quando me propus a ajudar de alguma outra forma, me foi recusado', conta.

Uma alternativa completa se faz mais do que necessária. Isto abrange o desenvolvimento de artifícios que ofereçam educação, lazer e condições de moradia digna e não apenas uma tentativa de livrar o centro da cidade de “sujeitos não-desejados” pelos órgãos competentes.

Imagem: http://www.caiman.de/12_05/art_1/index_pt.shtml

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