Entre opiniões divergentes, o brasileiro escolheu no último domingo seus governadores, senadores e deputados. Aqui na capital, pendente mesmo só o voto para presidente. A eleição foi movimentada, seis cargos para escolher, gente que demorava na urna porque tinha dificuldade ou porque não levou a "colinha" com o número de todos os candidatos. Porém, quem são aqueles que trabalham para receber o eleitor? Entre convocados e voluntários, as opiniões são distintas.
Em 3 de outubro, como nos últimos oito anos, lá vou eu ser mesária nas eleições. Neste ano, fui escolhida para ser presidente de mesa. Não faz tanta diferença assim para os demais cargos (1º e 2º secretários, 1º e 2º mesários), pois todo mundo acaba fazendo o serviço de todo mundo, pois o treinamento dado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) é o mesmo. Particularmente, é um trabalho do qual gosto bastante. Ser mesária, além de poder estar ali, de perto com o eleitor e acompanhar algo que me fascina, a política, me proporciona outra coisa bacana, que é rever os companheiros e amigos feitos ao longo de 5 eleições. Neste período, sempre trabalhamos com a mesma equipe: Fernanda (estudante de direito), Charles (hoje, inspetor de alunos, mas todo ano ele tem um emprego diferente: já foi até vendedor de pão de queijo nos terminais urbanos de ônibus em Sampa), Wilson (o menos responsável e que todos anos chega ás 9 da manhã, uma hora após o início da votação) e eu. Local? Extremo sul da zona sul da capital: Parelheiros.
Entre um indígena e outro, um sitiante bem de vida, dono de 5 chácaras e uma dona de casa humilde que passaram por ali para votar, Charles Gonçalves, 25 anos (foto), afirma que curte trabalhar nas eleições por vários motivos. ”É divertido, pelo prazer de rever os colegas, não é cansativo, temos almoço e café aqui na escola e ajudo meu país praticando minha cidadania e dando exemplo aos que estão ao meu redor”, afirma o mesário, que também está há oito anos prestando serviços à justiça eleitoral, e para garantir ainda se reinscreve pela internet todos os anos, pois é mesário voluntário.
O jovem ainda completa que as duas folgas garantidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aos convocados a trabalhar na eleição são muito atrativas. Para cada dia prestando serviços, o cidadão tem direito à duas folgas em seu trabalho sem sofrer nenhum desconto.
Já o motorista de lotação Geraldo Aires, de 24 anos, afirma que transferiu seu título recentemente para o local e foi imediatamente após convocado. “Não gostei muito disso não, mas se eu não vier pago multa! Acordar cedo no domingo é complicado. Nem de votar eu gosto. Pra mim, tinha que ser como nos Estados Unidos: opcional. Esse negócio de voto obrigatório faz com que as pessoas venham só pra votar num Tiririca da vida”, comenta.
Mas e as folgas, Geraldo? “Ah, essas aí nem adiantam... eu sou autônomo. Se eu pedir folga pra mim mesmo perco tempo e dinheiro”, brinca o motorista.
O segundo turno presidencial está por vir. Dia 31 de outubro eu reencontro essa galera. Uns reclamando, outros contentes por prestar serviços à população.
Foto: Giselle Olmedo
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