Rousseau e o vizinho baiano: desmistificando o preconceito

Por Tamires Santana

Entender Rousseau é muito mais difícil quando se tem como trilha sonora algo como Brega das Parafernalhas, música de Adilson Ribeiro e adorada pelo meu vizinho. Se não fosse ele, talvez eu nunca teria chegado ao grau de entendimento de parte da obra "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens", de 1755:

"Cataclismas geológicos capazes de reunir os homens para a 'idade de ouro', na qual o homem aprendia o bem junto com o mal nos prazeres da canções e danças e no sofrimento da inveja, ódio e guerra."

Adaptando o discurso do autor, a partir da existência do meu vizinho e de todos os seus familiares que se encontram na festa de aniversário do seu filho mais novo, a frase passaria a ser: "cataclismas sociais capazes de reunir milhares de nordestinos em um único lugar que não seja a sua terra natal, para 'vencerem na vida' na qual tiveram que aprenderam a sobreviver junto ao preconceito e à ingratidão."

O nordestino representa a sociedade em todas as suas camadas. De esmolé à empresário, de arretado à baitola. De cabra safado à mói de chifre. Não importa. Graças a ele que a cidade é uma potência em todos os seus aspectos e possui uma capacidade econômica que todos tiram proveito.

Das 10.508.218 pessoas que vivem na capital paulista, 2.047.168 nasceram no Nordeste, de acordo com o último Censo do IBGE, datado de 2000. Este número representa 19,62% da população.

Mesmo possuidor de toda uma força e uma riqueza cultural, um cabra que não se adequa aos padrões pré-estipulados pela modinha da vez é logo taxado de baiano.

O paulistano acredita que não tem sotaques, que seu modo de vida é o mais correto e não admite "nem a pau" que curte (nem que seja um pouquinho) fenômenos como Calypso. Em contrapartida, a coisa do sucesso dá dinheiro é aqui.

Paulistano, primeiro: tire este preconceito de sua mentalidade humana, desmistificando tudo quanto é conteúdo sobre a capacidade de um nordestino. Segundo: quer conhecer mais sobre a cultura nordestina? "I num é que é a sua oportunidade de deixar de ser abestado?!"

A dica é: Centro de Tradições Nordestinas. O local oferece uma gama de atrações como exposições, cursos, shows, feiras de artesanato e culinária típicas. Sem preconceitos! Bora alí saber que amanhã, 08 de Outubro, é comemorado o Dia do Nordestino, visse seu menino(a)?!

Endereço

Rua Jacofér, n° 615 - Bairro do Limão

Horários de atendimento

Segunda à Quinta, somente no horário de almoço; Sexta e Sábados das 11:00 às 04:00 da manhã e Domingo das 11:00 às 00:00

Para saber mais

Centro de Tradições Nordestinas: http://www.ctn.org.br/

Dicionário Nordestino - http://www.nataltrip.com/termos_regionais/E

Imagem: http://www.batoke.com.br/files/logo_CTN_web.png

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